domingo, 25 de julho de 2010

Pequena rainha dos mortos


Abro meus olhos com uma certa dificuldade, sinto minha cabeça latejar e com isso meus pensamentos ficam sem ordem alguma. Olho para os lados tentando me localizar, porém só o que vejo é um relógio de corda ao meu lado jogado marcando exatamente 23:00 Hs. Firmo meu corpo e busco alguma força de impulso para me levantar,sinto meu corpo inteiro pedindo TRÉGUA, como quem acaba de sair de um longo combate e levou a pior. Zonza, pisco com firmeza para desembaraçar a vista.O que vejo, nada agrádavel; Estou em minha sala de estar, tudo a minha volta tem aparência de velho e esquecido. Sinto um cheiro de morte, e dentro de mim surge um sentimento fúnebre ... Sigo aquele cheiro, mais é difícil identificar de onde ele vem, todos os cômodos que entrei aparentam estar invadidos pelo odor, sigo em um corredor escuro,tateio entre os quadros da parede. Continuo em frente,tudo me parece estranho, sem lembranças. Paro e penso que posso estar em um sonho, mais logo me questiono, que sonho? Paro de pensar estas besteiras, tento me lembrar o que aconteceu, minha mente parece ter sido apagada pois, por mais que me esforce nada me vem. Me jogo no chão e caio em lágrimas, sem motivo algum, e aquele cheiro insuportável de podridão enche minhas narinas tomando conta de todo meu oxigênio puro. Me levanto e continuo em frente,o corredor não tem fim,minhas mãos parecem sentir uma maçaneta de porta, logo puxo, esta trancada, insisto e se abre fazendo um estrondo perturbante que seria capaz de acordar os que dormem no inferno. Entro no cômodo, a parede está cheia de teias de aranha que se agarram as minhas mãos, acho o botão do interruptor, tudo fica claro, nítido, que horror! Tudo ali está ensanguentado,possuído por insetos e grandes larvas que caminham sobre os móveis se arrastando naquele sangue. Me afasto rapidamente com um espanto tremendo, onde estou? O que houve aqui? De quem é este sangue? Quero e não quero respostas.Tenho medo do que posso descobrir . Olho a frente do corredor e vejo mais uma porta,me aproximo está entreaberta e Deus! O mau cheiro parece vir dali, empurro a porta lentamente e acendo a luz . Que desgraça! Corpos espalhados por todo lugar com facas no pescoço,pernas e abdômen. Conheço essas pessoas,começo a me recordar de algumas risadas,olho para tudo aquilo paralisada,e a cada desvio de olhar encontro outro corpo e me vem mais lembranças. Tudo começa ficar claro,lembro deles chegando contentes, rindo e me cumprimentando, mais logo lembro-me do cair da noite, de um homem correndo entre as árvores e fazendo barulhos esquisitos, lembro-me de meus amigos se armando com facas para enfrentar o estranho ,olho mais uma vez e vejo que as faca são as mesmas,e como um flash me vem a lembrança do estranho entrando na sala de estar onde me escondia. Corria gritando, Minha Rainha dos Mortos, Minha Rainha, derrubando tudo o que estava a sua frente.Olho para baixo, vejo gotas de sangue em meus pés, me recordo de um relógio que foi bruscamente lançado em mim várias vezes, e depois do homem golpeando-me e falando ao meu ouvido ''Que sua alma permaneça aqui, minha pequena". Vou correndo a sala de estar de onde sai e me vejo estirada no chão com a cabeça toda ensanguentada e com um relógio de corda ao meu lado marcando exatamente 23:00 Hs. Minha voz não sai, meus olhos não se fecham, olho ao redor, um grande exército de almas pertubadas vindas do inferno idolatram meu corpo.... uma lucidez me toma!
Eu os controlo...

Clarice


Bom..! Devo me apresentar, sou Clarice Almeida, uma menina de subúrbio, pobre e, extremamente sonhadora; Bem isso é o que minha mãe diz.
Curso a sexta série do ensino fundamental, tenho várias amigas e,um namorado lindo! De olhos verdes, de pele branca e, cabelo de anjo.
Minto..! Para que,mentir aqui?..Na verdade, não tenho amigas,pois, não sou do tipo que a sociedade popular da escola IDEALIZA;Tão pouco tenho um namorado, Rum... me contento em ficar olhando os meninos mais velhos do terceiro jogar bola.
Mais não vá pensando que não tenho namorado porque sou feia,gorda e,chechelenta.
Só não quero e não achei nenhum a minha altura, são todos ''amebas''chicletes" sem rótulo!
Ocupo o oitavo lugar de melhor da classe (isso em uma sala de quarenta), odeio matemática, porque tanto x,y,z, todos aqueles problemas...Sinceramente acho que tudo ali foi porque Deus quis assim!
Tenho hábitos extremamente egóistas, não divido meu lanche com ''ninguém''. Se bem que não tem nem com quem eu dividir.
Mais olha, não vamos falar das crises existenciais de Clarice.Iríamos ficar aqui anos, horas e, dias, fora todo papel e caneta que iríamos usar. Até porque quem se descreve se limita. Me acho sem história, sem letras, sem adjetivos. Não me idealizo em ninguém,sou o que sou,não sou da moda muito menos quero lançar moda. Acho isso perca de tempo,dinheiro e o mais importante, CRIATIVIDADE.
Estilo retrô ! A roupa da Vovó mudou de nome?
Por mim todos andavam nús como viemos ao mundo. Mas chega por hoje cada um é o que é, bom, sou do jeito que sou, não o que querem que eu seja! Porque se fosse assim só aqui em casa eu teria de ser hermafrodita...Mamãe realizou o sonho de ter uma filha menina,já papai vive dizendo por que você não é menino?